ATA DA QÜINQUAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATIVA, EM 08.06.1990

 


Aos oito dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Qüinquagésima Terceira Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos ­Vereadores Artur Zanella, Clóvis Brum, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Adroaldo Correa, Antonio Losada e Heriberto Back. Constatada a existência de "quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os traba1hos e solicitou ao Ver. Vieira da Cunha que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Qüinquagésima Segunda Sessão Ordinária e da Segunda Sessão Especial que, juntamente com a Ata da Qüinquagésima Primeira Sessão Ordinária, foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01 Projeto de Resolução nº 15/90 (proc. nº 907/90); pelo Ver. Dilamar Machado, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. João Dib, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 65/90 (proc. nº 1113/90); pelo Ver. Valdir Fraga, 15 Pedidos de Providências e, pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 14/90 (proc. nº 1185/90). Do EXPEDIENTE constaram Ofícios nºs 125/90, da VARIG; 187, 192, 202/90, do Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 968/90, da Câmara Municipal de Andradina; 01/90, da Câmara Municipal de Camargo. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em prosseguimento foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Pesar pelo falecimento de Paulina Spengler; do Ver. Jaques Machado, de Voto de Pesar pelo falecimento da Irmã Maria Nastari; do Ver. João Motta, Moção de Solidariedade aos trabalhadores de várias categorias que se mobilizam buscando repor suas perdas salariais; do Ver. João Dib, de Voto de Pesar pelo falecimento de Firmino J. C. Caldas; do Ver. Wilson Santos, Moção de Apoio à iniciativa do Senador Jamil Haddad, no Senado, extensiva ao Deputado Federal Brandão Monteiro, de solicitar as informações do saldo bancário de vinte e oito pessoas no período de primeiro a quinze de março, entre elas o Presidente Fernando Collor de Mello e Ministros; do Ver. Clóvis Brum, Moção de Solidariedade à Dra. Maria Di Nair Acosta Gonçalves, pelo brilhante e altamente qualificado trabalho de implantação da “Advocacia da Criança”, na Fundação Estadual de Bem-Estar do Menor – FEBEM. Em ­PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em lª Sessã­o, o Projeto de Resolução nº 17/90; Os Projetos de Lei do Legislativo nºs 58, 59, 60, 61 e 42/90; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 24/90; os Projetos de Resolução nºs 18 e 19/90; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 52, 56 e 57/90; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 54, 47, 55 e 51/90 este último discutido pelos Vereadores João Dib e Isaac Ainhorn; os Projetos de Lei do Executivo nºs 27 e 19/90. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Ver. Clóvis Brum agradeceu às lideranças do PDT, PL, PDS, PFL, PT, PCB e PTB pelo gesto de justiça que tiveram ao apoiar a Moção de Solidariedade com a Dra. Maria Di Nair Acosta Gonçalves. Discorreu acerca do trabalho desenvolvido por esta advogada junto à FEBEM. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL o Ver. Adroaldo Correa discorreu acerca de seu licenciamento da Rádio Gaúcha e do Jornal Zero Hora, nos quais atuava como jornalista. Disse que agora seu interesse maior é o Partido dos Trabalhadores. Falou, ainda sobre a não renovação de suas licenças por aquelas empresas atribuindo tal acontecimento ao fato de ser um Parlamentar ou ao fato deste Vereador ter se desligado do sindicato da respectiva classe. Disse, ainda, estar contra a classe burguesa, pois a mesma não defende os interesses dos trabalhadores. Às dez horas e vinte e sete minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de Segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelo Vereador Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei ­fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Havendo “quorum”, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Requerimentos encaminhados à Mesa.

 

(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, passamos à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1022/90 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 017/90, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que altera a redação do artigo 1º da Lei nº 3961, de 16 de dezembro de 1974, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1072/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/90, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que denomina Acesso José Vitola um logradouro público.

 

PROC. Nº 1073/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/90, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que denomina Acesso Bonar Figueiró um logradouro público.

 

PROC. Nº 1078/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/90, de autoria do Ver. Cyro Martini, que denomina Rua Sérgio Martini da Silva um logradouro irregular.

 

PROC. Nº 1081/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/90, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que denomina Acesso Esclarena Bazán Bueno Araújo um logradouro público.

 

PROC. Nº 0868/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 042/90, de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz, que altera disposições da Lei nº 6.002, de 02 de dezembro de 1987, para ampliar a implantação do estacionamento regulamentado, liberando-o nos sábados, domingos e feriados, e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0887/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/90, que cria cargos no Departamento Municipal de Água e Esgotos.

 

PROC. Nº 0964/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 052/90, de autoria do Ver. Jaques Machado, que denomina Rua Bambas da Orgia um logradouro público.

 

PROC. Nº 1036/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 056/90, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Praça Germânia um logradouro público.

 

PROC. Nº 1033/90 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 018/90, de autoria do Ver. Wilson Santos, que concede o prêmio Teatro Qorpo Santo à Senhora Irene Brietzke.

 

PROC. Nº 1050/90 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 019/90, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Nicolau Weinreb.

 

PROC. Nº 1069/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 057/90, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Praça General Braga Pinheiro um logradouro público.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0974/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 054/90, de autoria do Ver. Nelson Castan, que institui a obrigatoriedade de funcionamento de salas de estudo ou bibliotecas nas escolas da rede municipal de ensino e dá outras providências.

 

PROC. Nº 0915/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 047/90, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que estabelece prazos para recolhimento de tributos municipais, sob condição de pagamento mediante débito em conta corrente bancária e dá outras providências.

 

PROC. Nº 0961/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 051/90, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que determina o envio para o Legislativo do Processo de Cálculo Tarifário por ônibus, lotação, táxis e escolares no Município de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 1023/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/90, que altera a Lei nº 4.464, de 13 de outubro de 1978, modificada pela Lei nº 5.436, de 17 de julho de 1984 e dá outras providências.

 

PROC. Nº 0770/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/90, que autoriza a permuta de imóveis e dá outras providências. Com Emenda.

 

PROC. Nº 1005/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/90, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que denomina Acesso Salvador Currenti um logradouro público.

 

O SR. PRESIDENTE: O primeiro orador inscrito em pauta é o Ver. João Dib, que está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Projeto de Lei, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que determina o envio para o Legislativo do processo de cálculo tarifário por ônibus, lotação, táxis e escolares no Município de Porto Alegre. Por falar em táxi, nós lemos hoje nos jornais que as tarifas de táxi em Porto Alegre são muito mais elevadas do que as das cidades do Rio, São Paulo e outras capitais de grande movimento.

O que me preocupa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é o valor da tarifa. O que me deixa enormemente preocupado é que lá na Secretaria Municipal dos Transportes eles acham - eles tinham que saber - que a tarifa de táxi em Porto Alegre foi definida a partir do aproveitamento da frota, que, no momento da implantação da legislação, se fixou em 65% de aproveitamento. Vale dizer que se o táxi rodasse 100 km, ele teria 65km remunerados e depois daquela data não foi feito mais nenhum levantamento para saber qual o aproveitamento da frota de táxi em Porto Alegre. É muito triste a declaração de um técnico da Secretaria Municipal dos Transportes. Claro que ele não é da Secretaria, ele veio não sei de onde, mas se ele fosse um técnico da Secretaria Municipal dos Transportes não declararia isso. Secretaria que teve a melhor equipe de técnicos do Brasil, segundo o Ministério dos Transportes. Agora tem uns aprendizes. Pode ser que passados alguns anos eles aprendam melhor.

Mas Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a tarifa de ônibus é um negócio muito sério, hoje, a 20 cruzeiros. Mas a AP, a Administração Popular, que na intimidade se denomina AP, não sei se cuida bem das tarifas de ônibus, porque em março, quando a tarifa passou a 14 cruzeiros, depois daquele golpe de anunciar 10, 50 voltou para 7 e depois voltou para 14 cruzeiros, não era para ser 14, já era para ser mais, era para ser 15 ou 16 cruzeiros. Eu acho que faltou, talvez, coragem. Mas escreveram um documento e o negócio foi sério, porque o Prefeito, com a lisura ou a cristalinidade que ele pretende, a transparência que ele pretende em alguns de seus atos, pelo menos, mandou para cada um dos Vereadores a cópia do contrato que foi assinado. Cópia esta que autorizava, no dia da entrada em vigor dos 14 cruzeiros, passar a tarifa para 18, mas que parece que houve um susto generalizado e não aconteceram os 18 cruzeiros. E agora passou a 20, em razão de um dissídio coletivo, da pretensão dos homens que trabalham em transporte coletivo, de um acréscimo de salário da ordem de 203%. E esses 203% foram reduzidos a 93% e estão em discussão ainda. Mas os 93% absorvem a diferença essa de 14 para 20 cruzeiros. Então, é importante que a Câmara tenha conhecimento do que está acontecendo. É importante que eles também, dentro do Executivo, conheçam, e não digam: “eu acho”. Porque esse negócio de “eu acho” está muito mal neste País, faz com que não se tenha mais responsabilidade. Tem que ser afirmativo. Tem que ser positivo. Tem que ser incisivo e dizer “é assim”. E o Executivo não está fazendo isto. “Acha que...” É muito triste. Porque se realmente ele raciocinasse em termos de tarifa e de custos, ele não faria a decretação da desapropriação por interesse social. E ontem eu disse: Interesse social de quem, para desapropriar a Sopal? A Cidade não tem esse interesse, porque a Cidade será prejudicada, como foi prejudicada, quando em 1954 se encampou a Carris para não aumentar a tarifa de 50 para 80 centavos, e a primeira medida foi passar para um cruzeiro. É que provavelmente naquele tempo tinha alguém que achava, achava que a tarifa de 50 para 80 centavos era muito elevada. E quando teve que achar, e achou mesmo, encontrou o que tinha procurado, descobriu que tinha que ser um cruzeiro. Infelicitou a Cidade através da pujante Cia. Carris Portoalegrense, do Sr. Paulo Müzzel de Oliveira que diz que é uma empresa auto-sustentável. E aí eu já fico contente, mas é porque ele também acha, ele não sabe, ele não tem condições de afirmar. E é possível que vindo às tarifas, possamos, em conjunto, descobrir alguma coisa que não tenha sido dita, e é possível que a Sopal volte para os seus permissionários, seja entregue a empresários que saibam cuidar do transporte coletivo urbano, porque a Administração Popular não sabe. E demonstrou isso. Tenho certeza disso, que de transporte coletivo urbano não entende nada. E não entende porque não aceita o passado, e o passado deve ser examinado. Uma empresa transformada em DATC, depois se transformou em DTC, dentro da Secretaria, e continuou operando ônibus, e que a experiência do Dr. José Loureiro da Silva mostrou que transportando menos de 5% da população o déficit anual era de 300 milhões de cruzeiros. E o que era isso? Era um custo orçado da hidráulica do Menino Deus. Na sua inteligência e sensibilidade de administrador, mandou extinguir o transporte coletivo feito pela Divisão do Transporte Coletivo da SMT, extinguindo também a Divisão do Transporte Coletivo. Só não tinha por quê não se assessorar do passado, a Carris encampada para não aumentar tarifa, empresa Sopal transformada até chegar a divisão do transporte coletivo dentro da Secretaria, e não esquecendo a encampação que foi feita, e não paga até hoje, em 1954. Então, realmente, eles não querem a experiência, e imaginam que só se critica. Acho que a única coisa que mostrou que tinha competência foi não encampar e, sim, desapropriar, por interesse público. A Lei Orgânica lhe permite. Mas volto a dizer, não há interesse público, porque continuam oferecendo um péssimo transporte, a cada dia pior, vai custar muito mais do que custaria nas mãos de uma empresa. Aí é importante o cálculo tarifário, se descobre que já tem 300 funcionários mais do que quando iniciou a intervenção, e que tem menos ônibus em circulação, porque a Sopal não colocou nenhum ônibus novo e tem lá encostado uma montanha de ônibus. Vai se descobrir que não tem área física para se fazer uma garagem, porque a habilidade da Administração Popular em detectar pretensas irregularidades esqueceu que não tem garagem mais, parece que vão buscar uma nova garagem. Já pensaram o que é construir uma garagem para 200 ônibus? Oficinas? Tudo isto à custa da população porto-alegrense que vai pagar, porque a tarifa será calculada como se a Sopal fosse uma empresa igual às outras. E não é, como também não é a Carris, que tem muito mais funcionários do que o normal das empresas, que tem uma tarifa superior no rendimento em relação às outras empresas, basta que se veja 28 passageiros por quilômetro na Auxiliadora e 12 e 13 onde a Carris foi transportar e não agüentou, lá na Restinga. Então, mesmo tendo muito mais rendimento que as empresas, a Carris precisa do apoio da Prefeitura de Porto Alegre, da população de Porto Alegre, porque não consegue se auto-administrar. A Cidade está de pêsames pela desapropriação por desinteresse social da Sopal e que vai aumentar o ônus da população em relação ao transporte deficiente que nós gostaríamos que fosse diferente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa. (Pausa.) Desiste. A seguir, com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na pauta Projeto de Lei de autoria do Ver. Elói Guimarães que fixa o cálculo tarifário. Mas antes da discussão desse cálculo tarifário gostaria de ler o que diz a Exposição de Motivos do Ver. Elói Guimarães. (Lê): “Objetiva permitir que a Câmara Municipal acompanhe e fiscalize atos do Poder Executivo no reajuste tarifário no sistema de transporte coletivo por ônibus, lotação, táxis e escolares, podendo, ainda, corrigir possíveis incorreções existentes no Processo.” Eu entendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que a Câmara de Vereadores deve, em qualquer setor do transporte público, estabelecer a metodologia do cálculo e isso, aliás, já foi feito. Porque até a metodologia do cálculo muitas vezes pode ser perfeita, mas a gente tem observado que mesmo a Câmara tendo elaborado uma lei, ela é desrespeitada. Não cabe à Câmara Municipal, e já esteve aqui, num certo período, quando ela aprovava tarifa, de triste lembrança e recordação os debates que aqui se travavam sobre a tarifa. Ela deve estabelecer uma metodologia de cálculo. Agora, o Ver. Elói Guimarães pretende que seja enviado ao Legislativo o processo de cálculo tarifário para exame e fiscalização. (Lê): “O Prefeito enviará, num prazo de 48 horas a partir da decretação do reajuste tarifário no sistema de transporte coletivo, o expediente completo contendo os respectivos comprovantes de cálculos e tarifas, inclusive Atas do Conselho Municipal.” E diz que haverá um Parecer, mas não diz quais as providências que poderá, o Legislativo, tomar. (Lê): “Recebido o Processo, imediatamente o Presidente da CUTHAB, em 5 dias, emitirá Parecer.” “Art. 3º: - O Parecer da Comissão, aprovado ou rejeitado pelo Plenário, será encaminhado ao Executivo para as providências indicadas, se for o caso.” Mas, a minha dúvida é, exatamente: quais as providências? Se porventura o cálculo estiver errado vai ter o poder de mudar a tarifa? Essas realmente são algumas dúvidas que nos vêm quando se discute exatamente a questão do envio do cálculo para o Legislativo do processo de cálculo tarifário. Diferentemente, por exemplo, da questão de passar por aqui atos de relevante importância para a Cidade como atos de intervenção e encampação de empresas permissionárias do serviço público, que, aliás, essa Lei encontra-se sub-judice, porque o Executivo Municipal, promulgada a Lei pela Câmara após a derrubada do Veto do Sr. Prefeito, argüiu a inconstitucionalidade perante o Poder Judiciário e, em função da argüição da inconstitucionalidade, foi sustada a aplicação da Lei. Aliás, levanto suscitando algumas dúvidas jurídicas com relação a esse procedimento, se porventura, vier a ser declarada a inconstitucionalidade da Lei, como ficam esses atos encampatórios e desapropriatórios à luz de uma lei que era constitucional? Retroage declarando a nulidade do ato praticado pelo Município ou não? Bem ou mal, a verdade é a seguinte: nós assistimos ao investimento inicial do Município de 2 milhões de dólares na área de desapropriação de uma empresa de transporte coletivo da cidade de Porto Alegre, que para quem conhece os procedimentos judiciários de perícia e vistoria, isso aí acabará em 5, 6 milhões de dólares para o Município, e digo sempre, com esses 2 milhões de dólares, tranqüilamente, teríamos resolvido o problema da iluminação pública da cidade de Porto Alegre durante este ano e acho que no mérito acredito que a Cidade está precisando mais de iluminação pública do que propriamente desapropriar uma empresa como a Sopal que, certamente, como toda a empresa dessa espécie rapidamente se tornará sucata. Então o Município será proprietário de um acervo de sucata. Mais interessante era um controle efetivo e eficaz da Administração sobre o sistema de transporte coletivo de Porto Alegre, uma Administração direta sob o transporte coletivo, para que os permissionários façam aquilo que o interesse público determine. Interesse público visualizado, expresso pelo Poder Executivo Municipal. Aliás, essa é a minha crítica desde o início. A Administração petista perdeu o fio da meada na Administração Pública da cidade de Porto Alegre quando se embrenhou neste lodaçal que foram os atos de intervenção das empresas de transporte coletivo na cidade de Porto Alegre. Não resolveu o problema, piorou e agravou o problema, e tornou aquilo ali o centro da sua ação administrativa, durante esse ano e meio. Ficando, com isso, prejudicada toda uma série de áreas.

Por último, Sr. Presidente, eu quero deixar claro aqui uma posição sobre um outro assunto que acho fundamental. Acho louvável o Projeto de Lei Complementar do Ver. Vieira da Cunha que autoriza o Executivo Municipal a edificar equipamento público de caráter cultural denominado memorial Luiz Carlos Prestes. Agora, eu acho que esse memorial, assim como qualquer monumento, numa época difícil que a Cidade atravessa, deve ser pago por aqueles que têm admiração por aquela pessoa que pretendem homenagear. Porque hoje a situação do Município é muito grave. Então não adiantará ele receber parte da doação e, de repente, não ter os recursos suficientes para bancar o memorial.

Recentemente, e eu acho que é um exemplo para a Cidade, os amigos de José Antônio Daudt edificaram um busto em sua homenagem, ali no Parque Moinhos de Vento, sem nenhum custo, sem nenhum ônus para o Município de Porto Alegre. Eu acho que isso é um exemplo que deve ser seguido por aqueles que querem homenagear determinadas figuras que foram importantes para a Cidade, para o Estado, para o País.

O Município não tem condições de arcar com o ônus desse tipo de homenagem, notadamente, nos dias que passam. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum, pela Bancada do PMDB, para Comunicação de Liderança. Cinco minutos sem apartes.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, desejo, nesta Comunicação de Liderança, apresentar os meus agradecimentos à Liderança do PDT, PL, PDS, PFL, PT, PCB e do PTB, pelo gesto de justiça com que não só subscreveram mas aprovaram uma Moção de Solidariedade à Dra Maria Di Nair ACosta Gonçalves, que implantou a advocacia da criança, na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor, com marcantes serviços prestados em favor destas crianças e, acima de tudo, pela preservação do Lar Biológico delas e de um Lar Nacional. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no silêncio dos tribunais, às vezes, o grande povo não sabe e não conhece as lutas que lá se travam e nessas lutas esteve presente, diuturnamente, a Drª Maria Di Nair, combatendo um bom combate, levando a voz audível nos autos e que, em muitas ocasiões, não fora ouvida pelo Juizado de Menores. Mas ela, em defesa e em nome dessas famílias e dessas crianças, era a voz que não silenciava mas que, acima de tudo, buscava a perfeição e o aperfeiçoamento dos atos processuais e de todos os demais atos que fazem um julgamento tranqüilo, sereno e verdadeiro. A Dra Maria Di Nair, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi sem dúvida alguma a primeira voz, em nível de advocacia da criança, que brigou 24 horas dos seus dias em favor da manutenção das crianças no seu lar biológico, com seus pais legítimos ou na colocação destas crianças num Lar Nacional, mas que colocava, acima de tudo, a vontade dos pais, o desejo dos pais, porque ela acreditava, e acredita, que as crianças só podem ser levadas para o exterior mediante o consentimento expresso dos pais. A Dra Maria Di Nair combateu o bom combate. Sou um orgulhoso em ter privado da sua amizade e das suas lições, em termos de direito, na defesa da criança. A Casa, as Lideranças e todos os Vereadores que votaram esta Moção de Solidariedade falaram , talvez, em nome das crianças que nunca tiveram voz em determinados processos, mas que, nesta Casa, tiveram voz hoje, agradecendo e se solidarizando com a Dra Maria Di Nair Acosta Gonçalves. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

EXPLICAÇÃO PESSOAL

 

Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a prova de que existem interesses diferenciados, e em contradição, na sociedade é dada a cada dia e em cada fato, inclusive na nossa Cidade. Quando assumi este mandato, em nome do Partido dos Trabalhadores, em janeiro de 1989, já desde o dia 1º de dezembro de 1988 estava licenciado das minhas funções profissionais, na Rádio Gaúcha, na qual integrava os quadros desde 1980 e, por força de ato judicial fui reintegrado em 1986 e no Jornal Zero Hora, igualmente desde 1980, licenciado para o exercício do mandato. Minha legenda é o Partido dos Trabalhadores, meu programa é o da classe trabalhadora, meu nome é Adroaldo Corrêa. Nunca tive coluna, fiz reportagens assinadas, fiz 10 anos de Jornal Zero Hora no copydesk, redação e, de alguma forma contribuí com um dos melhores momentos do rádio gaúcho naquela que foi a equipe de 1980 que tirou do ostracismo, e de uma indefinição de programação, a Rádio Gaúcha e a repôs no lugar que uma rádio com 60 anos, à época, deveria ocupar na comunidade, e uma rádio com 100 kws na antena. Essa rádio tem esse espaço na comunidade hoje também em função dos jornalistas, não só do empresário, do proprietário. Vinha licenciado, e renovando as licenças, por força de ser um Suplente, que ocupava o mandato em substituição, portanto, ao sabor de eventuais retornos de efetivos, podendo estar sem mandato, e podendo retornar às lides do jornalismo. Mas creio que esta licença só me foi concedida, da forma em foi, de 1 de dezembro de 1988 a 1 de maio de 1990, porque guardava ainda uma estabilidade do mandato sindical que detive por seis anos, e que dos três finais venceu a estabilidade dada pela CLT, em abril de 1990. Quando a licença vencida em 1 de maio pretendeu ser renovada, e nela não percebia, não tinha desconto de INPS, não tinha salário, não tinha 13º, tempo de serviço contado na empresa para fins de previdência, não causava ônus à empresa, apenas a minha ação parlamentar e que é pública, a renovação não se deu. E não tenho as razões, porque não procurava retornar à vaga que ocupava no jornal, e nem à vaga da rádio, apenas pretendia renovar a licença. Teria sido por que acabou a estabilidade sindical? Ou terá sido por que sou um parlamentar do PT, represento uma classe que procura o espaço político na sociedade, e defende o programa desta classe? Em contradição com outras, como disse no início. As contradições existem na sociedade, aqueles que servem, objetivamente, à emancipação, organização ou consciência de uma classe que tem contradição com outra, devem ter clareza de que seus instrumentos e o exercício de seu trabalho deve ser, objetivamente, naquilo que fortalece os objetivos estratégicos da classe trabalhadora e não têm espaço na sociedade burguesa que tem a propriedade dos meios e pretende ter a propriedade, também, do emprego, do trabalho e muitas vezes, como se verifica no noticiário, em geral, da verdade. Mas a verdade deve ser, para ser lida com objetividade, interpretada desde o ponto de vista de cada um, conforme a classe que freqüenta. Eu, já disse aqui, sou comunista e estou em uma classe e tenho contradições com os burgueses. Estes, apesar de deter os meios de comunicação e assalariar trabalhadores com os quais estão em contradição, pretendem ser universais. E não é verdade que o universal seja a burguesia, o universal é o trabalho. Sou grato.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 10h27min.)

 

* * * * *